Dias e noites haviam passado, constituindo uma longa semana que representava um acampamento crescente, no limiar da fronteira entre o território Shayzien e a cidade de Kourend. Apoiadores de toda Grande Kourend vinham juntar-se a este; nobres de todas as escalas, burgueses, gente da plebe, soldados, membros da Sétima Comunidade. Com a data do Conselho Extraordinário se aproximando, Septimus ordena que o acampamento fosse levantado e segue em marcha para a cidade, acompanhado por toda aquela gama de seguidores. A entrada nos limites seria triunfal, saudado por cidadãos de Kourend e inchando a cidade e os bolsos de taverneiros e donos de hospedarias, que em muito ficariam satisfeitos com aquilo.
O Conselho Extraordinário já estava ocorrendo quando ele chega ao castelo central. Apesar da confusão de pequenos nobres que cercava o local, Septimus adentra facilmente, graças ao seu fiel aliado, Scipius Maximus. Os dois, ainda acompanhados por Fabius Igneus, chegam aos portões de madeira da grande assembleia, aonde duques, grãos-duques e os patriarcas estavam reunidos.
Num momento de tensão, Scipius abre os portões e Fabius anuncia solenemente a chegada do Príncipe Arceuus. Ele se apresenta aos Patriarcas e se senta numa das primeiras fileiras da tribuna, assistindo ao fim do pronunciamento do Patriarca Shayzien, que já durava horas, até ser convocado por Tores Piscarilius. Sua fala bombástica que se segue, complementada de uma prova inesperada trazida por seu pai, Secundus Arceuus, e a leitura do dossiê contra os Shayzien desestabiliza de vez a reunião, tomada pelo caos.
Atacado agora por todos os lados, a máscara cai: Shiro III Shayzien não era aquele que estava presente, mas uma ilusão mágica que ocupava sua armadura. Com uma saudação a Xeric, ele se torna pó e a armadura vai ao chão. Com esta situação, Septimus faz um discurso rápido e inflamado sobre a necessidade de união e de vitória, convocando o direito eterno de um Consulado Supremo. Kandur Hosidius exorta, por sua vez, a necessidade de um grande líder para direcionar os esforços contra as ameaças que se apresentavam.
Chegara o momento decisivo. Olhando em volta e observando a apreensão e o silêncio que tomavam conta da assembleia, Septimus se candidata ao cargo. Apoiado pela maioria, que com aplausos e gritos logo substituía a reação contrária, ele é aclamado como Cônsul Supremo Chrysius I Harpax.
Fazendo uma rápida fala aos nobres em seguida, sobre a necessidade de foco para a vitória, ele anuncia a criação de seu conselho pessoal, formado pelos patriarcas de cada Casa, informando que a assembleia deveria se reunir no dia seguinte para deliberar sobre a guerra.
O restante do dia se segue com cumprimentos, bajulações e elogios sinceros e insinceros por todos os lados. Septimus, agora oficialmente Chrysius, os recebe todos igualmente, adaptando-se ao novo posto. Ao longo do dia, percebe o que ia se formando: Com os interesses da balança diplomática ameaçados, os vassalos da Casa Hosidius eram os que em menor número o bajulavam agora. A antiga amizade natural se via esgotada devido à fome de poder do cônsul, como diziam alguns membros da família e vassalos maiores. Chrysius, ainda assim, conservava uma boa relação com o Patriarca e com a maior parte dos membros da família, além de nobres menores. Precisaria, agora, lidar com a resistência da burguesia e do restante da nobreza.
Os Lovakengj e os Arceuus tomam atitude parecida em relação ao novo Cônsul: Respeito, mas distância. Era uma vitória para Chrysius receber este tipo de reação, de qualquer forma, pois era agora admirado por muitos das duas Casas e vassalos das mesmas, mas ainda precisaria trabalhar estas relações.
Tores Piscarilius o recebe com entusiasmo no novo cargo, comemorando com o mesmo aquela vitória de forma entusiástica. Entre os Piscarilius e seus vassalos, porém, a rápida ascensão era vista com certa desconfiança. Tores deixa Chrysius mais inteirado sobre a política interna de seu reino, as mafias e as famílias dominantes; deixando claro, o tempo todo, o quanto era essencial para manter o equilíbrio daquilo tudo.
Por fim, a deliberação se atrasaria e muitos dos duques partiriam, deixando a assembleia majoritariamente nas mãos dos Patriarcas e dos grão-duques, mas isto se provaria de grande utilidade e felicidade para o novo cônsul: o filho de Shiro III, Shiro IV, chega a Kourend saudando-o como grande salvador do império e libertador dos Shayzien, disposto a levar a justiça aos membros de sua família que haviam se vendido à corrupção e aos vassalos envolvidos na mesma. Chrysius e Shiro têm uma afinidade natural que cresceria conforme conversavam e se conheciam melhor. Chrysius descobre então, para sua surpresa, que aquele ataque aos Shayzien servira justamente para fazê-los inteiramente favoráveis a ele, por restabelecer a honra e a ordem.
As deliberações sobre a guerra culminam na criação de um Estado-Maior e num compromisso da entrada dos Arceuus na batalha com seus poderosos magos. Planos de batalha começam a ser preparados, mas ainda havia a necessidade direcionar esforços ao Wintertodt.
No fim de todas as deliberações, quando o cônsul finalmente pôde descansar, recebe Scipius Maximus em seu quarto, antigas habitações do imperador de Grande Kourend. O homem lhe repassa informações sobre o que havia sido avistado no leste, armadas que se aproximavam do território de Zeah. Com um estoicismo invejável, Chrysius lida com a situação calmamente, ficando com os relatórios e todas as informações possíveis e garantindo ao centurião que sabia como cuidar da situação.
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Numa cerimônia solene, antes da partida de Shiro IV Shayzien de Kourend, os membros da Casa dos Honoráveis se reunem. O homem recebe oficialmente seu distintivo da mesma. Com a ascensão de Chrysius ao consulato, muitos agora queriam saber mais sobre o restrito clube, buscando assim uma forma de juntarem-se ao mesmo. A competição estimulava bajulações e benefícios cada vez maiores ao cônsul.
Porém, nem de longe alguém chegara perto do que Shiro fizera. Em resposta à gratidão que os Shayzien e seus vassalos honestos sentiam pelo cônsul, este recebe as terras da família Duther, uma das que havia sido envolvida nos esquemas de corrupção do falso patriarca com muito prazer. Como punição e exemplo, o ex-duque havia sido jogado após a muralha, completamente nu, após uma sessão de chibatadas por seus crimes. Seus dois filhos haviam tido uma morte rápida, por não serem culpados da degradação do pai, mas estarem envolvidos. Só são poupadas sua esposa e filha, que aos olhos de todos eram inocentes. Chrysius eleva a mulher ao cargo de regente direta do Ducado de Amoreus, tendo a filha como sucessora, e ela recebe um condado que se manteria com a família hereditariamente.
Mais alguns poucos grão-duques confiáveis recebem um distintivo da Casa dos Honoráveis. Mas o número de membros era tão reduzido que, entre a nobreza, a fama do clube seria logo a de "Pequeno Conselho do Cônsul".
A próxima reunião do verdadeiro conselho, formado pelos Patriarcas, estava marcada para a próxima semana. Depois dela, Chrysius se reunirá com seu Estado-Maior e Grande Kourend estará, oficialmente, em estado de guerra. Que os deuses guiem as mãos dos bravos soldados que matarão e morrerão pela glória do Império e de seu Cônsul.